sábado, 13 de fevereiro de 2016

Frida Kahlo, o Livro



O Pequeno Cervo (ou O Veado Ferido), pintura de 1946. Época da cirurgia na coluna  mais sofrida que Frida passou. A obra mostra uma Frida resignada ao sofrimento. Apunhalada pelas flechas, luta pela sobrevivência, presa no corredor de árvores.
Há algumas semanas terminei de ler a biografia de Frida Kahlo, que inspirou o filme e levou Salma Hayek a concorrer ao Oscar de Melhor Atriz. O livro é o Frida: a Biografia, de Hayden Herrera. Gosto muito de biografias e admiro Frida Kahlo, artista que se destacou e imortalizou seus sentimentos e momentos através de suas pinturas. Apaixonada, e por isso intensa, alcoolista, ativista política (era comunista), dramática, entregava-se sem medo e fazia questão de mostrar como se sentia.
Após a operação na coluna, em 1946.

Era uma mulher forte. O acidente que sofreu com o bonde moeu seu corpo e, talvez por isso, ela se adaptou ao sofrimento. "Frida teve a coluna quebrada em três lugares na região lombar. Quebrou a clavícula, fraturou a terceira e quarta vértebras, teve onze fraturas no pé direito (o atrofiado), que foi esmagado; sofreu luxação no cotovelo esquerdo; a pélvis se quebrou em três lugares. A barra de aço tinha literalmente entrado pelo quadril esquerdo e saído pela vagina, rasgando o lábio esquerdo", assim é descrito o acidente na página 70.



Diego e Frida Kahlo Rivera.
Na sua curta existência, morreu em 1954 aos 47 anos de idade, chorou mais que riu e não somente pelas dores físicas. Viveu para Rivera, por quem nutria uma paixão doentia. Como o álcool, Diego era um vício, daqueles que, mesmo destruindo-a, era desesperadamente necessário. Frida sentia uma necessidade emocional. Seu médico e melhor amigo, Dr. Eloesser, confessou uma vez que as várias cirurgias pelo qual Frida tinha se submetido eram desnecessárias, entretanto era a forma que ela encontrou de manter Diego por perto (página 420). Uma vez Frida indagou Diego sobre por qual motivo ela vivia e ele respondeu: "Pra que eu viva!" (página 459). Do jeito dele, um tanto sádico, Diego amou Frida. "Quando eu amava uma mulher, quanto mais eu a amava, mais queria machucá-la. Frida era apenas a vítima mais óbvia desse meu traço de personalidade", disse ele em sua autobiografia (página 225). Curiosamente, em 1952, Diego descobriu que estava com câncer no pênis. Quase amputaram-lhe o membro e, como era de se esperar, ele preferiu uma terapia alternativa (página 486).

Umas Facadinhas de Nada, 1935.
A obra mais irônica e expressiva de Frida, na minha opinião, é a "Umas Facadinhas de Nada". Frida a pintou no período em que Rivera iniciou um romance com Cristina, irmã mais nova de Frida. Para Rivera, Cristina era uma mulher como qualquer outra com que transou e não via motivos para Frida ficar tão magoada. Ele não se apegava e nem se dava conta do quão cruel as atitudes dele eram. Magoada com o marido e a irmã, Kahlo pintou uma obra trágica (quem penduraria um quadro assim na parede?), inspirou-se na notícia do jornal da cidade, no qual informava que uma mulher foi morta pelo namorado com 20 facadas. O assassino, bêbado, ao ser indagado sobre o acontecimento, disse, sem entender o porquê da polêmica, que eram só umas facadinhas de nada. Frida não morreu em nenhum dos vários finais de relacionamento que teve com Diego, porém a dor que sentia era a de morte, a morte de um amor.

Diego e Frida
Frida com Trotsky.

Contudo, a dependência por Diego não a impediu de viver vários romances apaixonados. Dentre os amantes estava o comunista Trótsky (mulherengo, tentou seduzir também Cristina, irmã de Frida, para terror da pobre Natália, sua esposa) e o fotógrafo Nickolas Muray. Frida teve uma vida curta, porém bem vivida, sofrida, com histórias para contar e interessantes de ler, mas que fez com que ela desejasse não mais voltar.

"Nada permanece, tudo é revolucionário."
                   (Frida Kahlo)







Um comentário:

  1. Ela não passou sua vida em brancas nuvens.Uma vida que se fez história a ser admirada pela força, coragem e determinada.

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